29 julho 2018

Das leituras de quem lê

Está certo. Perdoem a falta de postagens. Coisas da vida. Mas esses dias, após criar meu Instagram profissional, postei a respeito de o "Oceano no Fim do Caminho", de nosso baita autor Neil Gaiman. E uma amiga no mesmo dia do post, se não me engano, comprou e no mesmo dia leu o livro. Quando soube disso, via comentário dela, pedi que escrevesse o que sentiu ao ler a fábula de Neil. E assim o foi. Por favor, leiam:


"Oi Cleuber,
Aceitei o teu desafio de escrever sobre o livro e sobre como me senti ao lê-lo. Em um primeiro momento pensei que não conseguiria porque ‘nunca’ escrevi uma resenha de um livro, mas aí me dei conta de duas coisas: uma que tu não me pediu uma resenha e sim como me senti lendo o livro e outra que, na verdade, eu provavelmente já tenha escrito alguma resenha antes, embora não lembre. Eu me senti identificada com a leitura. E talvez esse seja o segredo dos bons livros: falar com a alma do leitor. Me identifiquei com os esquecimentos do personagem a respeito da sua infância e mesmo da sua vida adulta. Me identifiquei com os elementos fantasiosos que permearam muitas vezes a minha própria infância. Me identifiquei com a solidão de ser uma criança introspectiva, com poucos amigos e com acesso restrito ao mundo dos adultos. Me identifiquei com o personagem já adulto e perdido em sua própria vida, porém em construção após ter tido seu coração destruído e ter tido uma nova chance de reconstruí-lo. Me identifiquei com a bravura e a coragem que brotou tantas vezes de dentro do personagem anônimo após o medo, a insegurança e a impotência de ser criança. Me identifiquei com a necessidade dele de voltar várias vezes ao passado para viver e ressignificar períodos da vida adulta (ainda que ele não se lembre de todos os retornos que fez). Enfim, faltam-me palavras para escrever sobre todos os insights (alguns até subliminares e colaterais) que fui tendo ao fluir a leitura. Algumas vezes parando de ler para refletir e pensando: “estou chocada” com esse livro. Enfim... às vezes acho que sou melhor em sentir do que em me expressar. Talvez tenha te conseguido passar uma ideia do efeito do livro em mim. Adoro livros que mexem profundamente com verdades. E vou continuar seguindo tuas sugestões de leitura. Abraço, meu querido amigo!"


"E vou continuar seguindo tuas sugestões de leitura". Isso não tem preço. Não tem preço alguém ler a partir de tuas leituras.

Obrigado, Andreia!

28 maio 2016

A CULPA NÃO É MINHA

Nem todos tem a educação adequada de uma família estruturada. Portanto, as piadinhas de mau gosto de pessoas educadas,  podem e são mal interpretadas por pessoas que não tem educação adequada, que infelizmente não tem uma família estruturada. 

Cabe aqui um exemplo chulo, banal: as piadinhas de mau gosto de colorados e gremistas para pessoas educadas são recebidas com risadas, mas o delinquente entende como algo pessoal e parte pra violência. Isso serve em especial para comunicadores de grandes mídias onde a opinião é formada. 

Portanto, quando você opina,  julga e compartilha a cultura do estupro, seja você homem ou mulher, sem querer você acaba potencializando ou acabamos potencializando tal cultura, que acaba por se tornar algo "normal". E não é normal. E em nossa sociedade arcaica, provinciana e mal educada, todos somos responsáveis pela apologia tanto ao estupro quanto ao consumo de drogas e a disseminação da violência. 

A mudança, pra acontecer, deve,  de uma forma urgente, ser na lei mais rígida, e atrasado e concomitantemente iniciar por mim e por você, em casa. Vivemos há muito tempo numa barbárie. E essa barbárie é composta pela sociedade e homens e mulheres, onde as mulheres muito mais sofrem. O respeito próprio é o melhor caminho para o respeito com o outro.

Há que se ter respeito pelo crescimento adequado de nossas crianças, respeitar cada fase, buscar aprender sobre cada fase da criança, e cuidar nossos modos no que diz respeito a nossa sexualidade. 

Dessa forma, cuide o que você assiste,  cuide o que você fala, cuide como você trata da sua sexualidade. Atente para o que você compartilha,  curte ou comenta, pois o que você passa para os outros não é o que você parece, mas o que você é. Critique-se, e a partir daí, você pode começar a repensar como é que você trata as piadinhas de mau gosto, e o que você passa ao outro sem perceber. O problema está em nós e não nos outros. Essa  É a nossa maior falha: seja num relacionamento, seja no problema familiar, seja no trabalho,  seja aonde for, somos protagonistas do filme A CULPA NÃO É MINHA. É sim! Minha e sua. 

Cleuber Roggia ;) 

25 abril 2016

Feira do Livro - Santa Maria-RS 2016

12 abril 2016

BOATE KISS: testemunhas e reflexões

Quem é de Santa Maria, quem mora aqui ou quem estava aqui no fatídico e triste 27 de janeiro de 2013, certamente irá se emocionar com o livro que acabo de postar abaixo. A sinopse de Adriane Roso fala, sinteticamente de uma forma profunda do que viveu ao ler o livro. Particularmente, acompanhei com certa proximidade esta edição. E vivi o dia 27 de janeiro de 2013, se isso seria o mais coerente falar. De certa forma, naquele dia, sim, morreu um pouco de mim. De nós.


Autor(es): Gilson Mafacioli - Manoela Fonseca Lüdtke -
Maria Luiza Leal Pacheco -
Mirela Massia Sanfelice -
Volnei Antonio Dassoler (Orgs.)
Sinopse
Por Adriane RosoAcolhimento em saúde é a questão central desse livro. Não é só a história de um serviço em saúde mental – o Acolhe Saúde -, criado a partir de uma demanda não imaginável; é um registro do trabalho em rede, da imprescindibilidade do Sistema Único de Saúde e do potencial da humanidade em inventar-se a partir da dor.O livro mostra, em suma, os efeitos da prática humanizada em saúde, sustentada em uma ética do cuidado. Nos escritos, materializa-se a trajetória do respeito ao singular, daquilo que é único em cada ser sofrente, mas também a valorização do coletivo. Um coletivo que (re)aprendeu a se comunicar, a pactuar, a inventar o trabalho em comunidade.A publicação desse livro é um modo sensível de registrar nossas memórias compartilhadas. Com parcelas de conhecimento científico, o maior tempero do livro é o relato das experiências em forma de testemunho.O livro mobiliza afeto. Movimenta-me. Li sem parar. Revivi. Chorei. Mas também sorri, pois cada capítulo nos mostra que a dor irrepresentável também engendra cuidado – e cuidar começa pela escuta e abertura à alteridade.Certamente, Santa Maria nunca mais será a mesma. E nem deseja ser. Vincada pelo sofrimento, continuará na luta pelos direitos à segurança e à saúde no cotidiano de seus moradores e visitantes. Santificada seja vosso nome para que não nos esqueçamos jamais desse acontecimento e, a partir dele, reconheçamos que não somos nada, além de um vazio, sem o apoio do Alter – O Outro.

Para adquirir o livro CLIQUE AQUI. Ele será lançado na Feira do livro de Santa Maria, deste ano.

Do site da EDITORA CRV


#lendoDomQuixote (do blog Companhia de Papel)


Este post é da Camilla Caetano, do blog Companhia de Papel. Leia. Vamos ler ou reler Dom Quixote juntos! Leia o post. Participe dessa ideia! Aposto que você vai gostar!
Considerando que no dia 23 de abril de 2016 completam 400 anos da morte de Miguel de Cervantes Saavedra, escritor espanhol de quem vamos ficar íntimos nos próximos meses;

Considerando que muita gente vive repetindo simplificadas informações "que o fidalgo Dom Quixote era um cavaleiro, louco, cujo cavalo se chamava Rocinante, e seu fiel escudeiro se chamava Sancho Pança, e que lá pelas veredas lutou contra Moinhos de Vento porque pensava se tratar de gigantes", sem sequer ter lido uma resenha;

Considerando que relutamos em ler livros extensos, ainda mais os clássicos, que reúnem certos arcaísmos e uma linguagem mais "rebuscada";

Considerando que um dos posts maaaais visualizados do blog é o da resenha da primeira parte de Dom Quixote (que li em 2001), publicada em 2011 aqui nesse link;

VAMOS (re)LER "Dom Quixote" juntos??

BEM-VINDO a um projeto* de leitura coletiva muito simples que visa agregar mais cavaleiros andantes pra "se apoiar" enquanto lê um livro "de peso"! hehehe Brincadeirinha.. Na minha opinião, "Dom Quixote de La Mancha" é uma personagem tão incrível que merece nossa atenção! E meus considerandos acima explicam mais motivos.
 *Esse projeto é inspirado no "projeto lendo Proust", da querida Tati Feltrin que escreve/grava o Tiny Little Things a quase uma década.

VAMOS AO QUE INTERESSA:



O primeiro passoQue edição vamos ler?
Dom Quixote é um livro dividido em duas partes, uma publicada em 1605 e a outra em 1615. A ideia do projeto é ler a primeira parte E depois, quem sabe, seguimos juntos na outra parte, ok?
Como é um livro antigo e o original em espanhol do século 17, acho importante escolher uma tradução boa... e algumas palavras e expressões mal traduzidas interferem, sim, no sentido da coisa.
Vou indicar três editoras, ficando a seu critério a escolha, lembrando que como é de domínio público há inúmeros arquivos .pdf pela internet!)
Outra coisa: o cronograma será dividido por capítulos, portanto não importa a numeração das páginas em si.
EDIÇÃO BILÍNGUE DA EDITORA 34: 
essa é a edição traduzida pelo Sérgio Molina, 
e recebeu Prêmio Jabuti de tradução! 
Reputa-se a mais confiável. É a que vou ler!

EDIÇÃO POCKET DA EDITORA 34:
tradução do Sérgio Molina, mas na versão pocket.
EDIÇÃO PENGUIN - Companhia das Letras: 
é uma tradução mais moderna. 
Digamos que eles ´´facilitaram`` o texto, 
de certa forma subestimam o leitor de 
Dom Quixote (segundo Tati Feltrin).

O segundo passocriei um evento no Facebook  
Nesse espaço virtual a gente vai conversar sobre a leitura, os perrengues, as dificuldades, as dúvidas, mas também as maravilhas do livro, os personagens, fotos, vídeos, posts, gifs etc…
obs: também marquei um primeiro encontro ao vivo, num café de Santa Maria, dia 23 de abril, para quem não for viajar no feriadão!
O terceiro passoter uma hashtag #lendoDomQuixote para usar nas redes sociais e agregar mais leitores.


O quarto passoestabelecer um Cronograma de leitura, não para seguir à risca (e se tornar um peso), mas para que todos consigam, mais ou menos, ficar na mesma sintonia. Nossa leitura coletiva vai durar alguns meses, e estou preparando uma tabela sugestiva com os capítulos certinho.



INÍCIO DA LEITURA COLETIVA: 16 DE MAIO DE 2016


Defini essa data para dar tempo de todos adquirem seus exemplares, certo?
Até lá vou postar o cronograma no evento e aqui no blog!!

POR FIM, deixo registrado que se trata de um projeto aberto, cuja finalidade é fomentar a leitura da obra-prima de Cervantes, tida como um marco do romance moderno. Se quiser compartilhar o post, fique à vontade, mas cita o bloguinho nos créditos, e lembrem de usar a hashtag #lendoDomQuixote nas redes sociais, ok?!

Um beijo, Camilla Caetano.

14 março 2016

Minhas duas leituras

Pois então, como se vê, aí ao lado, estou lendo dois livros. Tinha como regra ler apenas um, mas motivo óbvios e circunstanciais me fizeram mudar de ideia. Portanto, acabo tendo duas "companhias", não sei até quando, mas duas.

Um dos livros é O QUE AMAR QUER DIZER, de uma literatura francesa a qual aprecio desde as literaturas acadêmicas, que fala de um romance bastante amplo de um jovem muito inteligente e sensível, com suas aventuras, mas muito mais um verdadeiro amor, homossexual. Dá pra se extrair muito do sentimento envolvido. Não deixa de ser um livro chocante e interessante.

Num segundo momento, 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, comecei há pouco, apenas li um capítulo, para o Clube De Leitura que participo e que, por vezes, aparece aqui no blog. Obviamente essa leitura de ficição é, por si só, instigante e foi indicada pela querida Camilla Caetano, do blog Companhia de Papel, timoneira do Clube. Neste fim de semana que passou, não li nada porque a rinite não deixou.

À Propósito, criei duas páginas em que exponho as capas dos livros, ou da maioria dos livros que li fisicamente, ou pelo Kindle, da Amazon.com. A maioria dos títulos tem post aqui, ou no instagram @cleuberroggia, inclusive nesta rede social, com diversos recortes, marcações e trechos que considero inesquecíveis e primordiais.



Portanto, recomendo todos os títulos de agora e os anteriores. Até mais!




06 março 2016

Não temos coragem de falar ou de nos escutar

"E o homem caía pra dentro de si", Pra mim, como abordei no Clube de Leitura, essa frase de Valter Hugo Mãe, por algumas vezes no início do livro, norteia a obra. Dá a ideia do que virá pela frente, bem como mostra a veia realista de cada palavra do escritor.

Hugo Mãe, na minha opinião, escreve à flor da pele aquilo que sentimos. Ao ler sua obra, não há escapatória: nos depararemos com nossa realidade íntima, uma vez que ele diz aquilo que sentimos, pensamos, mas não temos coragem de falar ou de nos escutar.

O Filho de Mil Homens, nós mesmos, trata de preconceito, hipocrisia, demagogia, homossexualismo, complexo de édipo, amor e ódio. É um livro chocante, muito bom, que mexe com as emoções mais profundas de cada um. Sim. Esta é a minha opinião.

Leia, se ainda não leu.


Sempre Saramago :)

Dos livros que indiquei, no post abaixo, para o nosso Clube de Leitura, José Saramago foi o escolhido pela maioria do grupo. Portanto, para a leitura do mês de abril, As Intermitências da Morte. Saramago, mais uma vez.



02 março 2016

ENTRE ASPAS: livros para o mês de abril 2016

Seguem as dicas. Votem no GRupo, no Facebook. A votação é secreta. :)


1)  "Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto", escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura. Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. E foi nela que o autor buscou o material para seu novo romance, "As intermitências da morte" . Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema. Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder "passar desta para melhor". Os empresários do serviço funerário se vêem "brutalmente desprovidos da sua matéria-prima". Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não pára de aumentar. Um por um, ficam expostos os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos. Mas, na sua intermitência, a morte pode a qualquer momento retomar os afazeres de sempre. Então, o que vai ser da nação já habituada ao caos da vida eterna?

2) No auge da Revolução Cultural chinesa, em 1971, quando Mao Tse-tung fechada as universidades e perseguia os intelectuais, dois jovens de classe média são mandados para uma remota cidade no interior do país para serem "reeducados" pelo trabalho braçal no campo. Passam a viver num casebre, enfrentam condições precárias na lavoura e em minas de carvão e acreditam ter poucas chances de retornar à cidade natal. Mas dois fatos irão mudar seu destino. Primeiro, conhecem a filha do alfaiate local, por quem se apaixonam. E, em seguida, encontram uma velha mala de couro repleta de obras de Balzac, Dumas, Flaubert, Baudelaire, Rousseau, Dostoievski, Dickens - autores proibidos pelo regime. Romance de fundo autobiográfico, adaptado para o cinema pelo próprio autor em 2002, Balzac e a Costureirinha Chinesa não é só uma história de amor entre três jovens no interior da China. É, também, uma comovente narrativa sobre a força transformadora da leitura.

Quais as chances de encontrar o verdadeiro amor oculto entre as centenas de nomes sem rosto que frequentam um blogue coletivo? A narradora de A condição indestrutível de ter sido esbarra por acaso com Mauro, um sujeito simpático e inteligente, e, impelida pela paixão, resolve canalizar todas as suas energias para concretizar este relacionamento. Mesmo que ele more em uma cidade distante. Mesmo sabendo que ele é casado.
"Corajoso, o livro desmistifica o romantismo e mostra aquilo que não gostaríamos de saber: amar é uma forma de frenesi, um mergulho na instabilidade, um fogo que arde até nos destruir. Impossível ler A condição indestrutível de ter sido sem ficar com a incômoda sensação de que Helena Terra revelou nossa dor oculta de seres incompletos. Eis o grande segredo: contar a história de todos os amores dentro de um só. Chega de mistificações, chega de sonhos. O amor real está aqui, e ele dói. Bem-vindos à (des)ilusão". Gustavo Melo Czekster
"A autora constrói a história de uma paixão avassaladora, que descentra, desconcerta, desequilibra, solapa, desatina, desgoverna. (…) Raras vezes o leitor encontrará uma estreia tão auspiciosa".
Luiz Ruffato




 Links de cada livro, na Estante Virtual:
- As Intermitências da Morte
- Balzac e a Costureirinha Chinesa
- A Condição Indestrutível de Ter Sido